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Acerca de Mim

 

Jose Nogueira Reis

Santa Eugénia

5070-411

Índice

   Informações profissionais

   Ligações favoritas

   Contactos

   Projectos actuais

   Informações pessoais

   Interesses pessoais

  

Santa Eugénia.. 1

Índice. 1

Informações profissionais. 1

Cargo ou profissão. 1

Principais responsabilidades. 1

Departamento ou grupo de trabalho. 1

Ligações favoritas. 1

Contactos. 2

Endereço de correio electrónico. 2

Endereço na Web. 2

Telefone do escritório. 2

Projectos actuais. 2

Informações pessoais. 2

Interesses pessoais. 3

 

 

Santa Eugénia.. 1

Índice. 1

Informações profissionais. 1

Habilitações Académicas. 1

Formação Profissional 2

Formação Específica. 2

Colóquios, Retiros e Fóruns. 2

Experiência Profissional 2

Outras Actividades. 3

Cargo ou profissão. 4

Principais responsabilidades. 4

Departamento ou grupo de trabalho. 4

Ligações favoritas. 4

Contactos. 4

Endereço de correio electrónico. 5

Endereço na Web. 5

Telefone do escritório. 5

Projectos actuais. 5

Informações pessoais. 5

Interesses pessoais. 5

Informações profissionais

Habilitações Académicas

2º Ano do Curso Complementar

Português, exame ADOC (Faculdade de Letras no Porto )

Formação Profissional

Curso de Primeiros socorros Secretaria de Estado da Segurança Social e Prevenção no Trabalho

Curso de Jovem Empresário Agrícola Ministério da Agricultura

Curso de Aquisição de Competências Sócio Profissionais (PEFDS ) Sendo constituído por duas partes: Uma de Formação teórica com duração de 492horas, estando incluídas 120horas de informática, ministradas pelo Exmº Doutor António Mansilha; e a outra, de Formação Prática com duração de 168horas, correspondendo a um estágio, na entidade Junta de Freguesia S. Eugénia, exercendo as Funções de Toda a Parte Administrativa, Atendimento ao Público, ensaios, debates, levantamentos Sócio Culturais, Patrimoniais, Históricos, Estudos, Planos e Objectivos.

Formação Específica

Leitor Cobrador

Técnico Classificador de Vinhas

Animação Cultural

Promoção Cultural

Levantamento de Prédios Rústicos

Recenseamento Geral Agrícola

Censos

Previdência Social, direitos, deveres, legislação e novos documentos

Imobiliária

Vindima, transporte, legislação e fiscalização

Formação Autarca Autarcas, Autarquias, Municípios e Munícipes

Formação Autarca Protecção Civil

Colóquios, Retiros e Fóruns

2 de 1 semana cada 1 Seminário de Vila-Real(Padre Feitor Pinto ), incluía temas como: Historial do Cristianismo e das Religiões mais significativas; Cristianismo, outras religiões e liberdade de culto; Igreja e Estado; O cristão e a sociedade contemporânea; Paz, guerra, direitos universais do homem, Objectores de consciência , solidariedade e mecenato; Idealismo e Materialismo; Cristianismo e Marxismo.

Experiência Profissional

2002

Estágio na Junta de Freguesia de Santa Eugénia

2001

Censos

2000

Leitor de contadores eléctricos EDP(concelho de Alijó, Sabrosa e Murça )

1999

Escriturário Norte Frangos

1998

Vendedor Norte Frangos

1997

Vendedor Monteiro & Filhos

1996

Técnico Classificador de Vinhas (EDEM, Instituto do vinho e da vinha )

1995

Promotor Cultural Grupo Desportivo Cultural e Recreativo de StªEugénia

1994

Técnico de Armazém (Exportação ) Moto Meter

1993

 Imobiliária -  ( Madrid )

1992

  Mordomo -  ( Madrid )

1991

Barman ( Madrid ); Censos

Santa Eugénia.. 1

Índice. 1

Informações profissionais. 1

Habilitações Académicas. 1

Formação Profissional 1

Formação Específica. 1

Colóquios, Retiros e Fóruns. 2

Experiência Profissional 2

Cargo ou profissão. 3

Principais responsabilidades. 3

Departamento ou grupo de trabalho. 3

Ligações favoritas. 3

Contactos. 3

Endereço de correio electrónico. 3

Endereço na Web. 4

Telefone do escritório. 4

Projectos actuais. 4

Informações pessoais. 4

Interesses pessoais. 4

 

DE 1977 a 1992

Fui Empresário Agrícola, embora, por vezes, acumulasse com outras funções

1987

Recenseamento Geral Agrícola

DE 1984 a 1986

Mediador de Seguros Eagle Star

De 1979 a 1981

Educador de Adultos Ministério da Educação

1973

Levantamento de Propriedades Agrícolas Ministério das Finanças

DE 1972 a 1973

Escriturário Colégio Nossa Senhora da Boavista ( Vila Real )

De 1970 a 1972

Escriturário Casa do Povo de Santa Eugénia

Santa Eugénia.. 1

Índice. 1

Informações profissionais. 1

Habilitações Académicas. 1

Formação Profissional 2

Formação Específica. 2

Colóquios, Retiros e Fóruns. 2

Experiência Profissional 2

Cargo ou profissão. 4

Principais responsabilidades. 5

Departamento ou grupo de trabalho. 5

Ligações favoritas. 5

Contactos. 5

Endereço de correio electrónico. 5

Endereço na Web. 5

Telefone do escritório. 5

Projectos actuais. 5

Informações pessoais. 6

Interesses pessoais. 6

 

Teatro Autor, Co encenador e Actor

Co Fundador do Centro Cultural e Recreativo de StªEugénia

Co Fundador do Grupo Desportivo Cultural e Recreativo de StªEugénia

Co Fundador do Centro Social de StªEugénia

Direcção da Casa do Povo de StªEugénia

Assembleia                                  

Candidato a Assembleia de Freguesia

Candidato a Assembleia Municipal

Deputado da Assembleia Municipal

                                  de Freguesia

Militante de Partido Político

Sócio dos Bombeiros Voluntários de Alijó

                                  G.D.C.R.StªEugénia

                                  Cento Social    

Cooperador do Funcionário/Encarregado do Grémio dos Viniticultores

                                                                             dos CTT

                                  Estafeta dos CTT ( Carteiro )

Explicador

Participação em Torneios de Damas e Xadrez

Participação na 1ªVinord ( 3º Lugar Canções )

Participação no 1º FITEI ( Festival de Teatro de Expressão Ibérica )

Atleta de Futebol

Membro de Mesas da Assembleia de voto; Inclusive 16/12/2001 e 17/03/2002

Organização de várias excursões:

Santarém

Braga

Castelo Branco

Mirandela

Santiago de Compostela

Membro do Grupo Cristão «Oásis»

Delegado Político

Encontros de Municípios

Participei em várias iniciativas do INATEL

Co Fundador da Associação de ovinos e caprinos de Vila Real e Bragança

1968 Fundei e Redigi um jornal de turma (Gomes Teixeira)

1970 Co Fundador do Jornal menor, «O Plátano»

1974 - Participei Activamente nas campanhas de «Politização»

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cargo ou profissão

Escriturário

Principais responsabilidades

Toda a Parte Administrativa.

Departamento ou grupo de trabalho

Junta de Freguesia de Santa Eugénia

 

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Ligações favoritas

            http:/nogueirareis.tripod.com/alijo

http://nogueirareis.tripod.com/reis/  

   https://reis19.tripod.com/

   juntafreguesia.tripod.com

 

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Contactos

Endereço de correio electrónico

HipyReis@clix.pt

JNReis@clix.pt

Reis0@portugalmail.com

rnjose@hotmail.com

JNogueiraReis@sapo.pt

 

 

santaeugenia@santaeugenia.zzn.com

santabarbar@santaeugenia.zzn.com

nogueirareis@santaeugenia.zzn.com

 

 

Endereço na Web

Nogueirareis.tripod.com/alijo

Nogueirareis.tripod.com

Reis19.tripod.com

Juntafreguesia.tripod.com

 

Telefone do escritório

259646486

 

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Projectos actuais

 

   Entrar para o curso de Sociologia

Entrar na Faculdade

O Mundo Rural

 

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Informações pessoais

José Nogueira Reis

Data de Nascimento: 20/03/1953

Estado civil: Separado

B.I.nº3451368

Habilitações Literárias: 2º Ano do Curso Complementar, mais a Disciplina de Português, no exame A.D.O.C., na Faculdade de Letras

 

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Interesses pessoais

   Leitura

Teatro

Informática

Xadrez

Damas

Divertimento

Sociabilização

Indique um dos seus interesses

Indique um dos seus interesses

 

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Última revisão: data 14/03/2002

 

Projecto Vercial A maior base de dados sobre literatura portuguesa
Secções
Abade de Jazente
Literatura Medieval
Literatura Clássica
Literatura Barroca
Literatura Neoclássica

Literatura Romântica
Literatura Pós-Romântica
Correntes do Século XX
Literatura Actual

Nota Introdutória
Índice de Autores
Índice de Obras
Outras Ligações

Biblioteca Gráfica
Letras & Letras
Curso de Literatura
Fotos de Portugal

Por favor, introduza a palavra ou
expressão que deseja pesquisar:




Obras integrais de autores portugueses


 

Paulino António Cabral (1719-1789), Abade de Jazente, nasceu e faleceu em Amarante. Foi abade da freguesia de Jazente, advindo-lhe daí o nome por que é mais conhecido. Pertenceu à Arcádia Portuense, juntamente com Xavier de Matos, seu colega de Coimbra, cidade onde ambos estudaram. Embora clérigo, escreveu poesias onde se canta o amor epicurista e horaciano. As suas obras foram publicadas em dois volumes: Poesias de Paulino Cabral de Vasconcelos, Abade de Jazente, vol. I (Porto, 1786) e Poesias de Paulino António Cabral, vol. II (Porto, 1787).


ALGUNS SONETOS


Amor é um arder, que se não sente;
É ferida, que dói, e não tem cura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente.

É fogo, que consome ocultamente;
É dor, que mortifica a Criatura;
É ânsia a mais cruel, e a mais impura;
É frágoa, que devora o fogo ardente.

É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando;
É um andar metido em mil tormentos.

É suspiros lançar de quando, em quando;
É quem me causa eternos sentimentos:
É quem me mata, e vida me está dando.

I, 55




Brutos penhascos, rústicas montanhas,
Medonhos bosques, hórrida maleza,
Que me vedes, coberto de tristeza,
Saudoso habitador destas campanhas.

Para me suavizar mágoas tamanhas,
Alteremos um pouco a Natureza;
Civilize meu mal vossa dureza,
Barbarizai-me vós estas entranhas.

Meu pranto vos comova algum afecto
De branda compaixão; pois da impiedade
Encontra sempre em vós um duro objecto.

Pode ser, que com esta variedade,
Seja mais agradável vosso aspecto,
Sinta eu menos cruel minha saudade.

I, 11



A Manhã fresca está, sereno o vento,
O monte verde, o rio transparente,
O bosque ameno; e o prado florescente
Fragâncias exalando cento a cento.

O Peixe, a Ave, o Bruto, o branco Armento,
Tudo se alegra; e até sair a gente
Dos rústicos casais se vê contente,
E discorrer com vário movimento.

Este cava, outro ceifa e aquele o gado
Traz no campo a pastar de posto em posto;
Outro pega na fouce, outro no arado.

Tudo alegre se mostra: e só disposto
Tem contra mim o indispensável fado,
Que em nada encontre alívio, em nada gosto.

I, 41




Tudo se muda: o génio unicamente
Em ser constante nos mortais porfia,
Connosco a vir ao mundo principia,
Connosco morre, e nunca se desmente.

Ele as paixões na idade mais florente,
Ele as acende na velhice fria:
É sempre o mesmo, e em nada se varia
Por mais que à vida a duração se aumente.

Dissimula-se sim, mas qualquer hora,
Apesar da mais rígida cautela,
Nos entrega cruel, e as faces cora.

Assim o antigo ardor, que me atropela,
Assim me incita, ó Nize, a que inda agora
Te adore amante, e te celebre bela.

I,167



VERDADES SINGELAS


Estas verdades singelas,
Sem artifício e conceito,
Pode-as ler qualquer sujeito;
E, se vir que alguma delas
Lá pela roupa lhe toca,
Tape a boca.

Dizer um senhor fidalgo
Que tem três contos de renda;
E que gasta uma fazenda
Só em sustentar um galgo,
Que todas as lebres mata,
Patarata.

Querer outro senhoria
Quando tinham seus avós.
Um tu, um você, um vós,
Somente por cortesia
Do cura, ou do senhorio,
Desvario.

Trazer de luto os criados
Um senhor mui reverente,
E dizer a toda a gente
Que gastou três mil cruzados
De seu pai no mortuário,
Gabatório.

Andar outro embonecado,
Ter amores, ter afectos,
E depois de ter já netos,
Andar inda namorado
Sem se lembrar da velhice,
É tontice.

Dizer um por vários modos
Que nos seus antepassados
Tem trinta réis coroados
Do claro sangue dos Godos
Que pelas veias lhe gira,
É mentira.

Andar outro como brasa
Vendendo soberba a molhos,
E metendo pelos olhos
Os brasões de sua casa,
E de seus avós o foro,
Desaforo.

Andar um para casar,
Buscando uma entre mil
Senhora rica, e gentil;
E entender que há-de achar
Por cima disto donzela,
Bagatela.

Insultar sem causa a gente,
Dar empuxões em quem passa;
Querer que lhe façam praça,
Ser por ofício valente,
Ser carrancudo e severo,
Destempero.

O que consente à mulher
Andar na dança aos boléus,
Escrever a chichisbéus,
E que lhe deixa fazer
Em tudo a sua vontade,
Vá ser frade.

Na de amor louca contenda
Andar sempre em viva roda;
Gastar nisto a vida toda,
O tempo, a vida a fazenda,
Depois ficar pelitrate,
Disparate.

O ter sempre a mesa posta,
Jogar, andar em caçadas,
Ter dama, fazer jornadas,
E nunca tomar resposta
A quem lhe pede dinheiro,
Cavalheiro.

O que tendo filha ou filho,
Os vê fazer a miúdo,
Este calção de veludo,
Aquela rico espartilho,
E mostra que não entende.
Que pretende?

Sustentar doze cadelas,
Um sacador, um furão,
Só por numa ocasião
Sair ao monte com elas
E caçar coelhos poucos,
É de loucos.

Ficar um filho segundo
Sendo da casa embaraço;
E viver como madraço
Com um sossego profundo
Tocando frauta ou viola,
Mariola.

A viúva rica e nova,
Que na igreja muito atenta
Lança devota água benta
De seu marido na cova
Só com a ponta do dedo,
Casa cedo.

A que não conhece o mês
E que diz que tem catarro,
Ou é velha ou come barro;
Ou algum excesso fez,
Que a curar-lhe leva às vezes
Nove meses.

A que entende que nunca
Pode amor entrar com ela,
Seja ingrata, seja bela
Lá lhe há-de vir a maré
Em que caia a formosura
De madura.

A senhora a quem o criado
Descalça o sapato e meia,
Se ela não é muito feia
E o moço não for honrado,
Faz um bucho retorcido
A seu marido.

A que tem dores da madre,
Que remédio aos mestres pede,
Que vai ao padre da Rede,
Ou toma cedo compadre
E acrescenta a gente em casa,
Ou se casa.

Se não é rica uma dama
E estraga airosa veludos;
Se acaso os homens sisudos
Lhe lançam nódoas na fama
Pela ver com indecência,
Paciência.

A que dança de arremesso,
Que faz versos e é cortês,
Que joga e fala francês,
Enfim mulher, que eu conheço,
Seja clara, seja bela
Fugir dela.

A que lê livros de amores,
Que sabe deitar um mote,
Que estraga olandas a cote,
Que faz cortejo aos senhores,
Se por milagre é donzela,
Ter mão nela.

Sair sem causa da terra,
Ir vagar pelas estranhas,
Ir por vontade às campanhas
E trazer sempre na guerra
Pendente a vida de um fio,
Desvario.

Ser de damas confessor
E ser cónego em sé vaga,
E ter quem lhe cure a chaga
Do tirano e cego amor
Lá muito pela escondida,
Boa vida.

Servir a el-rei toda a vida,
E depois em recompensa
Ter trinta mil réis de tença
Que é somente recebida
Lá no cabo da velhice,
Parvoíce.

Trazer títulos de Roma
Sem primeiro ter que gaste,
E ter bispo de Tagaste
Sem ter já rendas que coma,
Pagar a bula e gabela,
Bagatela.

Uma fidalga noviça,
Que quer, com grande insolência,
Ser tratada de excelência,
Com chinelas de cortiça
E manto de tafetá,
Arre lá.

Jogar de abono, e perder,
E não ter com que pagar;
Ter amor e ver mudar
A dama que bem se quer,
E não ter lenha no Inverno,
É inferno.

Ministro que lê Descartes
Em vez de ler por Temudo,
Ou que faz na solfa estudo
Mais que nos feitos das partes,
Está mui bem premiado
Aposentado.

No que tem filhas bonitas,
E no dia dos seus anos
Consente que alguns maganos
Lhe façam não só visitas
Mas também algum calote,
Chicote.

A que bebe sem vergonha,
Que toma tabaco e dança,
Que do jogo não se cansa,
Que é toda guapa e risonha,
Se por milagre é donzela,
Ter mão nela.

Ser bispo sem jurisdição,
Capitão de auxiliares,
Cadete nos militares,
Cavalheiro de esporão,
E casar-se na velhice,
Parvoíce.

O que passeia montado
Sobre rocim muito podre,
Com xairel de pele de odre,
Com teliz esfarrapado
E lacaio de capote,
Dom Quixote.

A que tem só um amante
E lhe manda a consoada;
E, se o vê fazer jornada,
Nunca mais sobe ao mirante
Pelo respeitar ausente,
É inocente.

Ver uma dama noviça
Querer ela ser senhora
Tendo vindo de pastora,
Que de alguém o afecto atiça
Só por ter quem a sustente,
Não é gente.

Ver andar de ceia em ceia
Alguns, que aqui não nomeio,
Ir ao jogo, ir ao passeio,
E pretenderem que eu creia
Que vão só tomar café,
Não bofé.

Naquele que anda em carroça
E pretende senhoria,
Sem se lembrar que algum dia
Andava seu pai de croça
E sua mãe de tamanca,
Boa tranca.

Letrado que atrasa a causa
Com mui enredos astutos,
Que lê feitos circundutos,
E se passeia com pausa,
Falando só no escritório,
Farelório.

Mercador que faz rebates
Depois de casar as filhas,
Que manda navio às ilhas
E não paga aos calafates
Senão depois de citado,
Tem quebrado.

O que nega a mão direita
A todo o clérigo, e frade,
E o que por mais vaidade
A senhoria lhe aceita,
E lhe fala impessoal,
Animal.

O que namora a mulher
Na igreja ou camarote;
E que a deixa dar um mote
Em noite de baile, e quer
Que aos mais pareça discreta,
É pateta.

O que vai sempre ao café,
Que traz papéis no cabelo,
Que dá muito ao cotovelo
E que em passo de cupé
Caminha pelo ladrilho,
Peralvilho.

Se às vezes traz a verdade
Algum dissabor consigo,
Aquele que das que digo
Não mostrar nunca vontade,
Tenha ao menos por prudência
Paciência.


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REIS
T.P.(Realizado Por José Nogueira dos Reis

770203.jpg

 

 

O Trabalho e a Personalidade

Realizado por:

José Nogueira dos Reis

O Trabalho e a Personalidade. 1

Introdução ao estudo da Personalidade. 1

Breve histórico. 1

Preâmbulo. 1

Tendências Filosóficas/Psicológicas. 1

Continuação. 1

Teorias de Formação. 2

Personalistas Americanos. 2

Pensar o Homem.. 2

Levantamento Temático. 2

Vontade e Liberdade como sua Propriedade. 2

Agir incondicionalmente supõe«Liberdade de vontade». 2

A liberdade é o princípio fundamental de toda a moralidade. 2

Vocabulário ou expressões mais usadas, na linguagem Kantiana. 2

Competências Profissionais. 2

Balanço de Competências Desenvolvidas ao Longo da Vida. 2

Aquisição de Competências Sócio-Profissionais. 3

Valores Profissionais. 3

Fenómenos Psíquicos. 3

Fenómenos Psíquicos, Manifestações. 3

O Conceito da Personalidade. 3

Inquérito de Qualidades Desenvolvidas numa Empresa. 4

.As Relações de Personalidade. 4

O Reflexo das Relações Objectivas. 4

As Relações Pessoais. 4

Filo e Ontológicamente. 4

 

Introdução ao estudo da Personalidade

Breve histórico

Originariamente, a palavra pessoa designava a máscara que o actor punha no rosto (latim, persona, litchina, no antigo russo, litchnost, no russo actual), passando depois a designar o actor e o seu papel: a pessoa do rei, do acusador, etc. Com o tempo a excepção da palavra estendeu-se ao mundo interior do indivíduo

Preâmbulo

Ao longo da evolução histórica, o trabalho modelou o homem; a sua acção determinante na formação da pessoa humana continua nos nossos dias. Esta é uma tese que tanto partilham filósofos e psicólogos materialistas como idealistas.

Estranho, é não abundarem trabalhos e/ou estudos interessados em mostrar as particularidades e as leis da génese das diversas qualidades da personalidade nas condições concretas do trabalho.

Tendências Filosóficas/Psicológicas.

Materialista: Esta por sua vez cindiu-se, em duas correntes. 1ª- assenta em posições biológicas; 2ª- assenta em posições sociológicas.

Continuação

Tendência idealista: è a ideia de unidade do espiritual e da pessoa, cujas raízes mergulham em Platão, que está na base da filosofia idealista moderna do personalismo.

Teorias de Formação

Na teoria dos grupos e dos indivíduos no processo de trabalho define-se a exposição relativa às qualidades da personalidade e da sua co-relação com o trabalho. Deva-se ter  especial atenção às qualidades que se inscrevem nos vários aspectos da estrutura funcional dinâmica da personalidade.

Personalistas Americanos

B. Bowne e J. Royce, fundadores do personalismo, consideram a personalidade uma substância «supra-individual», cuja mentalidade a manifesta, tanto em relação à essência física como à essência psíquica, na sua opinião, a substância da pessoa forma o «nódulo», que está rodeado de «esferas» empiricamente reconhecíveis: o temperamento, o carácter, as capacidades.

Pensar o Homem

Pertencente à ordem inteligível e pensado como ser fenoménico, pode acontecer ao mesmo tempo«pois que uma coisa na ordem dos fenómenos(...)esteja submetida a certas leis, de que essa mesma coisa ou ser em si, é independente, isso não contém a mesma contradição, porque no 1º caso o homem pensa-se afectado pelos sentidos e, portanto, como pertencente ao mundo inteligível.

Levantamento Temático

Vontade e Liberdade como sua Propriedade.

Agir incondicionalmente supõe«Liberdade de vontade»

A liberdade é o princípio fundamental de toda a moralidade

Vocabulário ou expressões mais usadas, na linguagem Kantiana

Boa-vontade Agir por puro respeito pela lei.

Razão prática dinamismo ou uso moral da razão.

Felicidade conjuntamente com a vontade constitui o Soberano Bem .

Respeito observância por respeito à lei; em conformidade c/a lei; por obediência à lei e não por outra razão.

Competências Profissionais

Capacidade de calculo

Capacidade de raciocínio

Capacidades criativas

Capacidades directamente ligadas ao trabalho

Capacidade de comunicação

Capacidades Pessoais/Interpessoais

Balanço de Competências Desenvolvidas ao Longo da Vida

Humanas

Aquisição de Competências Sócio-Profissionais

Desenvolvimento Pessoal

Atitudes e Comportamento

Comunicação e Relacionamento

Motivações

Mudança

Normas, Valores e Quadros de Referência

Valores Profissionais

Pessoas

 

 

Actividade Física

Bom Salário

Criatividade

Elevada Realização

Independência

Liderança

Prestigio

Risco

Segurança no Emprego

Trabalho com Pessoas

Fenómenos Psíquicos

1-     Processos Psíquicos

2-     Estados Psíquicos

3-     Propriedades Psíquicas

 

   Fenómenos Psíquicos, Manifestações

1-     Sensações, percepções, memória, reflexão, etc.

2-     Vigor, Fadiga, Actividade, Passividade, Irritabilidade, e os Diferentes Estados de Espirito

3-     Estas são mais estáveis, embora sejam variadas. As modificações pela evolução biológica do homem, compreendidas entre a nascença e a velhice. Mas são sobretudo modificações quando expostas a influências das condições sociais e da educação.

 O Conceito da Personalidade

Está intimamente ligado ao conceito de Ego

Inquérito de Qualidades Desenvolvidas numa Empresa

Total de Respostas- 233

Perseverança

71

30%

Iniciativa

38

16%

Constância no Esforço

32

14%

Coragem

28

12%

Resolução

19

08%

Organização

13

06%

Independência

13

06%

Desejo de Instrução

12

05%

Assiduidade

07

03%

Total

233

100[JdFSE1] %

 

.As Relações de Personalidade

Uma Relação Existe sempre em Função de Mim Mesmo.

O Animal não está em relação com o que quer que seja, não conhece qualquer relação.

Para o animal, as suas relações com os outros não existem como relações.

O Reflexo das Relações Objectivas

Pela consciência, no plano ontológico, como fenómeno psíquico.

E, no plano ontológico, como se sabe, não se pode qualificar de subjectivo, num fenómeno psíquico.

No plano ontológico, os fenómenos psíquicos, com inclusão das relações psíquicas são objectivas.

As Relações Pessoais

Quando conscientes, enquanto forma superior, que é pertença única do homem, das relações psíquicas, surgem num lugar onde se constituem as operações do«Eu» e do «Não-Eu».

A forma da Relação Pessoal que põe o Ego em evidência (ofensa, timidez, medo, etc.) é dado ao homem geneticamente.

Filo e Ontológicamente

A gama complexa das relações psíquicas que permitem compreender asa relações pessoais do homem no trabalho, chama-la-emos de «série genética das relações.

O ganido de um cão espancado, o bebé que deixa de chorar quando lhe mudam a fralda representam relações psíquicas extremamente primitivas.

Mas quando um cão baixa a cauda ao ver avançar um pau ou o bebé sorri ao ver aproximar-se a mãe, são relações um tanto mais complicadas incontestavelmente.

O Trabalho e a Personalidade. 1

Introdução ao estudo da Personalidade. 1

Breve histórico. 1

Preâmbulo. 1

Tendências Filosóficas/Psicológicas. 1

Continuação. 1

Teorias de Formação. 1

Personalistas Americanos. 1

Pensar o Homem.. 1

Levantamento Temático. 2

Vontade e Liberdade como sua Propriedade. 2

Agir incondicionalmente supõe«Liberdade de vontade». 2

A liberdade é o princípio fundamental de toda a moralidade. 2

Vocabulário ou expressões mais usadas, na linguagem Kantiana. 2

Competências Profissionais. 2

Balanço de Competências Desenvolvidas ao Longo da Vida. 2

Aquisição de Competências Sócio-Profissionais. 2

Valores Profissionais. 2

Fenómenos Psíquicos. 3

Fenómenos Psíquicos, Manifestações. 3

O Conceito da Personalidade. 3

Inquérito de Qualidades Desenvolvidas numa Empresa. 3

.As Relações de Personalidade. 3

O Reflexo das Relações Objectivas. 4

As Relações Pessoais. 4

Filo e Ontológicamente. 4

 

  

 

 

 

 

 

 


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Projecto Vercial A maior base de dados sobre literatura portuguesa
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Obras integrais de autores portugueses

António Joaquim de Castro Feijó (1859-1917) nasceu em Ponte de Lima e faleceu em Estocolmo. Estudou Direito em Coimbra, ingressando na carreira diplomática. Exerceu cargos diplomáticos no Brasil e na Suécia. Casou com uma senhora sueca, que morreu prematuramente. Fundou em 1880 na cidade de Coimbra, com Luís de Magalhães, a Revista Científica e Literária. Colaborou nas revistas Arte, A Ilustração Portuguesa, O Instituto, Novidades, Museu Ilustrado, etc. Como poeta, António Feijó é habitualmente ligado ao Parnasianismo. Obras: Transfigurações (1882), Líricas e Opulentas (1884), À Janela do Ocidente (1885), Cancioneiro Chinês (1890), Ilha dos Amores (1897), Bailatas (1907), Sol de Inverno (1922), Poesias Completas de António Feijó (1940).

  • Versão integral do livro Sol de Inverno



    SOL DE INVERNO (extracto)


    CLEÓPATRA

    A José Coelho da Mota Prego

    Como a concha de nácar luminoso
    Em que Vénus surgiu, risonha e nua,
    A Galera vogava ao sol radioso
    Com a graça dum Cisne que flutua.

    Soltas ao vento as velas de brocado,
    Ao som das Liras, sobre o rio imenso,
    Dos remos de oiro e de marfim sulcado,
    O destino do Mundo ia suspenso!

    Como nuvens correndo, as horas passam;
    Já se divisa o porto; o Sol declina,
    E enquanto as velas, marinheiros, cassam,
    Ela que um sonho de poder domina,

    Diante do espelho, a reflectir, perscruta
    Do seu corpo a beleza profanada,
    Como o rufião nocturno, antes da luta,
    Examinando a lâmina da espada!


    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    A LENDA DOS CISNES

    A Júlio Dantas

    Gedulde Dich, stilles, hoffendes Herze!
    Was Dir im Leben versagt ist, weil Du
    es nicht ertragen könntest, giebt Dir
    der Augenblick Deines Todes.


    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    HERDER

    Da praia longínqua, na areia doirada,
    O Cisne pensava, fitando a Alvorada:

    «Que imensa ventura, na minha mudez,
    Se dado me fosse cantar uma vez!

    Meu canto seria, na luz do arrebol,
    Dos hinos mais altos à glória do Sol...

    Não é das gaivotas e gansos do lago
    O canto que em sonhos ardentes afago;

    É quando nos bosques as aves escuto
    Que a inveja confrange minha alma de luto.

    Se a Aurora se lança do cume dos montes,
    Até de alegria murmuram as fontes;

    Só eu, passeando o meu tédio supremo,
    Nem rio, nem choro, nem canto, nem gemo.

    O Sol, que já vejo surgindo do Mar,
    Tem dó de quem, mudo, não pode cantar!»

    E o Cisne, em silêncio, chorava, escutando
    A orquestra das aves que passam em bando.

    Das águas rompia a quadriga de Apolo,
    E o pobre a cabeça escondia no colo...

    Mas Febo detém-se nas nuvens ao vê-lo,
    Com feixes de raios no fulvo cabelo,

    E diz-lhe, sorrindo, num halo de fogo:
    «No Olimpo sagrado ouviu-se o teu rogo...»

    E nesse momento a Lira Sem Par
    Da mão luminosa deixou resvalar...

    O Cisne, orgulhoso da graça divina,
    Da Lira de Apolo as cordas afina,

    E rompe cantando... Calaram-se as fontes,
    Calaram-se as aves... As urzes dos montes

    Tremiam de gozo a ouvi-lo cantar...
    E o vento sonhava na espuma do Mar.

    O Cisne cantava, tirando da Lira
    Um hino que nunca na terra se ouvira;

    Não pára, nem sente, na sua emoção,
    Que a vida lhe foge naquela canção.

    Mas quando, entre nuvens, a tarde caía
    no enlevo do canto que a essa hora gemia,

    E Apolo no seio de Tétis desceu,
    O pobre do Cisne, cantando, morreu...

    Gemeram as aves; choraram as fontes;
    Torceu-se nas hastes a giesta dos montes,

    E o mar soluçava na tarde sombria,
    Que o manto de luto com astros tecia.

    Solícita espera-o, das águas à beira,
    Do Cisne, já morto, fiel companheira;

    Espera que o Esposo de pronto regresse,
    Mas treme e suspira, que a Noite já desce...

    As águas luzentes parecem-lhe, ao vê-las,
    Um pano de enterro picado de estrelas.

    Então, no seu luto, sentindo que morre,
    Oceanos e praias distantes percorre;

    Mergulha nas águas, coleia nas ondas,
    Espreita as galeras de velas redondas,

    Que ao longe parece que vão a voar...
    E o Cisne não volta, não pode voltar!

    Chorosa viúva, nas águas desliza,
    Levada na fresca salsugem da brisa...

    No seu abandono nem sente canseira;
    Caminha, caminha, fiel companheira,

    Chorando o perdido, desfeito casal...
    Tão funda era a mágoa, tão grande o seu mal,

    Que o peito sentindo de dor estalar,
    De dor e de angústia começa a cantar!

    E canta com tanta ternura e paixão,
    Que a Vida lhe foge naquela canção.

    As aves despertam; calaram-se as fontes
    Nas hastes tremiam as urzes dos montes;

    A Lua escutava; detinha-se a Aurora,
    E as vagas gemiam no vento que chora...

    Na terra, no espaço, nos astros, no céu,
    Mais alta harmonia ninguém concebeu;

    E os Deuses recebem, ouvindo-a, a chorar,
    A alma do Cisne que expira a cantar...

    Desde esse momento, no Olimpo onde entraram,
    Em honra dos Cisnes que tanto se amaram,

    Das almas que foram leais e sinceras,
    se Vénus se mostra, surgindo da bruma,
    São eles que tiram, nas altas esferas,
    A concha de nácar, cercada de espuma...


    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    O AMOR E O TEMPO

    Pela montanha alcantilada
    Todos quatro em alegre companhia,
    O Amor, o Tempo, a minha Amada
    E eu subíamos um dia.

    Da minha Amada no gentil semblante
    Já se viam indícios de cansaço;
    O Amor passava-nos adiante
    E o Tempo acelerava o passo.

    «Amor! Amor! mais devagar!
    Não corras tanto assim, que tão ligeira
    Não corras tanto assim, que tão ligeira
    Não pode com certeza caminhar
    A minha doce companheira!»

    Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
    Abrem as asas trémulas ao vento...
    «Por que voais assim tão apressados?
    Onde vos dirigis?» Nesse momento.

    Volta-se o Amor e diz com azedume:
    «Tende paciência, amigos meus!
    Eu sempre tive este costume
    De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!»

    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    TIMIDEZ DE AMOR

    Perguntas donde vem a timidez estranha,
    Este quase terror com que te falo e escuto,
    Como se a sombra hostil duma grande montanha,
    Que se erguesse entre nós, me cobrisse de luto.

    Ignoras a razão deste absurdo respeito
    Com que te beijo a mão, que estendes complacente,
    Fria do ardor que tens concentrado no peito,
    Que mão fria é sinal de coração ardente.

    E admiras-te de ver que os olhos baixo e tremo,
    Se passas como um sol de plantas cercado
    Sem dar mostras sequer desse orgulho supremo
    De quem se sente eleito entre todos, e amado!

    Não podes conceber que uma paixão tão alta
    Se vista de recato ou de pudor mesquinho...
    Mas, se é sincero, o Amor só a ocultas se exalta,
    Faz se tanto maior quanto é discreto o ninho.

    E tudo o que crês fingida gravidade
    É uma íntima oblação, pois nas almas piedosas
    O Verdadeiro Amor é feito de humildade:
    Sobre o anel nupcial não há pedras preciosas.

    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    EU E TU...

    Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel! Como
    Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
    Aspiram a formar um todo, em cada assomo
    A nossa aspiração mais violenta se ateia...

    Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva,
    O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,
    Ou o orvalho inundando as verduras da relva
    Cheio de ti, meu ser d'eflúvios impregnou-te!

    Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
    O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
    O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
    Nós dois, d'amor enchendo a noite do degredo,

    Como parte dum todo, em amplexos supremos
    Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
    Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,
    Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama.

    António Feijó, Sol de Inverno, 1922




    FÁBULA ANTIGA

    No princípio do mundo o Amor não era cego;
    Via mesmo através da escuridão cerrada
    Com pupilas de Lince em olhos de Morcego.

    Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
    Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
    Foi a Demência logo às feras condenada,

    Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.
    A Demência ficou apenas obrigada
    A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou,

    Como um pobre que leva um cego pela estrada.
    Unidos desde então por invisíveis laços
    Quando a Amor empreende a mais simples jornada,
    Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos

    António Feijó, Sol de Inverno, 1922


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